Por ocasião da Semana do Livro e da Biblioteca, na quarta-feira, dia 27 de Outubro de 2010, os estudantes, professores, funcionários e colaboradores do campus da UFERSA em Angicos foram contemplados com a poesia do grande cordelista mossoroense Antônio Francisco.
Quem antecedeu o poeta foi a professora do Departamento de Agrotecnologia e Ciências Sociais da UFERSA em Mossoró, Ludimilla Carvalho, que agraciou a platéia com a palestra Avaliação de Impactos Ambientais: Impasses e Desafios numa Visão Interdisciplinar, a qual alertava para a importância da junção de conhecimentos de distintas áreas para a correta compreensão dos impactos ambientais infringidos pelo homem. Ludimilla é autora do livro O Olhar da Águia para o Rosado da Caatinga, do qual gentilmente sorteou 30 exemplares para os presentes ao evento.
Continuando a temática ambiental de Ludimilla, Antônio Francisco declamou seus poemas sobre as agressões do ser humano ao meio ambiente. Antônio é poeta popular, cordelista, xilógrafo e compositor, graduado em História pela Universidade Estadual do Rio Grande do Norte - UERN. É membro da Academia Brasileira de Literatura de Cordel - ABLC, ocupando a cadeira do ilustre poeta Patativa do Assaré.
Foto: Eduardo Mendonça - Assessoria de Comunicação da UFERSA
Os poemas de Antônio têm uma visão naturalista, estendendo a compaixão e preocupação aos demais seres vivos, mas como uma preocupação com a sobrevivência da nossa própria espécie. Seus versos nos fazem rir e refletir, como se estivéssemos a olhar de fora a pilhagem que todos nós executamos em nosso próprio planeta, como um vírus desconhecido e imprevisto a atacar um organismo.
Um exemplo está em seu poema Os animais têm razão, fazendo parte do seu livro Dez cordéis num cordel só, um dos que declamou, falando sobre um suposto debate entre animais acerca do mal que representa o homem, do qual cito algumas estrofes:
Quem já passou no sertãoE viu o solo rachado,A caatinga cor de cinza,Duvido não ter paradoPra ficar olhando o verdeDo juazeiro copado.E sair dali pensando:Como pode a naturezaNum clima tão quente e seco,Numa terra indefesaCom tanta adversidadeCriar tamanha beleza.(... versos sobre a reunião dos animais)Quando o dia amanheceu,Eu desci do meu poleiro.Procurei os animais,Não vi mais nem o roteiro,Vi somente umas pegadasDebaixo do juazeiro.Eu disse olhando as pegadas:Se essa reuniãoTivesse sido por nós,Estava coberto o chãoDe piubas de cigarros,Guardanapo e papelão
Você pode escutar Antônio Francisco recitando este poema neste link da Rádio Nominuto.